NRF: saiba tudo sobre o big show da NRF

25 minutos para ler

O grande evento do varejo mundial, a NRF, está de volta — de forma presencial.

Pela primeira vez desde janeiro de 2020, as maiores e mais emergentes empresas do setor de varejo do mundo se reuniram presencialmente na 110a edição da NRF Retail’s Big Show.

Nesse artigo você vai descobrir o que aconteceu de mais importante na NRF, por que ela é relevante para o varejo mundial e quais são as tendências trazidas por ele para os próximos anos.

Boa leitura!

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FEIRA NRF

A NRF aconteceu em Nova York, no Jacob Javits Convention Center, e foi organizado pela National Retail Federation (Federação Nacional do Varejo em português), a maior associação comercial do planeta, que conta com mais de 3,8 milhões de estabelecimentos associados nos Estados Unidos e serve de suporte a mais de 52 milhões de trabalhadores do setor.

A NRF foi realizada pela primeira vez em 1911, na época em que a NRF ainda se chamava National Retail Dry Goods Association (NRDGA). Hoje em dia, é realizada todos os anos e reúne, entre outros, varejistas grandes, médios e pequenos, associações e entidades de classe, shopping centers, franqueadores e franqueados, prestadores de serviços para o varejo, instituições financeiras, fabricantes, consultores e acadêmicos, para apresentar as novas tendências desse setor, introduzir novos conceitos de negócio e fomentar o networking entre empreendedores.

Primeira edição presencial da NRF desde a pandemia

Em 2021, a pandemia da COVID-19 ainda se mantinha em estágio avançado. Com isso, a NRF teve que ser realizada de forma online, com todas as apresentações e palestras sendo feitas remotamente.

Um ano antes, em 2020, a NRF havia recebido 40 mil participantes, sendo 18 mil varejistas de 96 países diferentes. Naquela edição, o Brasil, sem contar os Estados Unidos, foi o país que mais teve visitantes participando do evento, em um número que chegou a 1884.



A edição deste ano

Dois anos depois, a NRF Retail’s Big Show pôde ser realizada de forma presencial novamente, com todo seu público e equipe devidamente vacinados, testados e usando máscaras.

A edição de 2022 da NRF aconteceu entre os dias 16 e 18 de janeiro deste ano e o local escolhido para sediá-la foi o espaçoso Jacob Javits Convention Center, centro de convenções que possui mais de 310 mil metros quadrados de extensão e que já sediou eventos de cultura pop e feiras de automobilismo.

Nesta edição, participaram pouco menos de 16 mil profissionais do setor de varejo, um número menor comparado à feira realizada no ano de 2020. Pode-se dizer que a presença foi menor por causa da ameaça da variante ômicron da COVID-19, que promoveu uma grande alta de casos da doença no último trimestre de 2021 e primeiro trimestre de 2022.

Mas isso não impediu os participantes da NRF Retail’s Big Show de realizar debates sobre o mundo do setor varejista, apresentar as tendências que devem ser seguidas  pelo mercado nos próximos anos, além de compartilhar experiências e conhecimentos.

Quer saber o que de mais importante aconteceu na NRF e saber quais as tendências que vão ditar o futuro do varejo mundial? Acompanhe!

A importância das novas gerações para o varejo

O painel ‘Tendências para o mercado em 2022’ da NRF Retail’s Big Show, apresentado pela CEO da GDR Creative Intelligence, Kate Ancketill, trouxe um gostinho do que será o setor do varejo nos próximos anos, prevendo que as empresas terão que se adequar a muitas mudanças em pouco tempo.

Os hábitos e preferências dos consumidores se transformam de maneiras cada vez mais recorrentes e aceleradas, graças, principalmente, às transformações digitais e tecnológicas. E isso tem um motivo em especial: o surgimento das novas gerações no mercado consumidor. E não estamos falando dos millennials.

A partir desse ano, uma grande parte dos clientes do mercado todo passa a ser a Geração Z, também chamados de ‘zoomers’ (os nascidos depois de 1995). Essa geração já é 36.7% da população mundial, ou seja, mais de 2.6 bilhões de pessoas.

Em sua palestra, Kate chamou a atenção para o fato de que, enquanto a maioria dos executivos e empresários são imigrantes digitais, os consumidores da geração Z podem ser chamados de nativos digitais.

Esses termos foram cunhados pelo sociólogo Marc Prensky, que diferencia as pessoas entre aqueles que criaram e se adaptaram às tecnologias digitais e aqueles que já nasceram e cresceram totalmente imersos nelas. Quer um exemplo disso? Quando o primeiro iPhone foi lançado, os gen Z (chamaremos assim daqui para frente) tinham menos de 12 anos.

Essa é a parte da sociedade que nasceu, cresceu, vive e respira o omnichannel — aquela estratégia de conteúdo que usa diversos canais integrados para melhorar a experiência do usuário e a relação entre marca e cliente. E se você acha que estamos falando apenas de crianças e adolescentes, sinto em lhe informar novamente: você está atrasado!

Está previsto por especialistas, citados pela própria apresentadora do painel, que essa fatia do mercado consumidor, que não têm nenhuma lembrança adulta de antes de 2008, já terá poder de compra global maior que de boomers e millennials (as gerações anteriores) em 2030.

Os gen Z sempre priorizaram o uso de aplicativos em detrimento dos websites. 97% deles dizem que a principal fonte de inspiração são as redes sociais. Só no TikTok, gastam mais que o PIB inteiro da Islândia — anualmente, o TikTok chinês tem a receita de 26 bilhões de dólares.

Entre as lições que se pode tirar disso, a mais importante é essa” o varejo precisa se transformar e inovar continuamente para atendê-los da melhor forma possível.

E, para atender as pessoas que já nasceram imersas no mundo digital, as empresas também precisam abraçar essa imersão. O mais rápido possível!

Para você ter ideia da grandiosidade dessa evolução causada pelas novas tecnologias, segundo Andrew Ku, CEO do universo virtual Unmatereality, os millennials mais jovens e os gen Z já gastam mais dinheiro comprando itens virtuais e NFTs (explicaremos este conceito mais à frente) do que comprando roupas de verdade pelo e-commerce. Além disso, 30% deles já fizeram compras usando realidade aumentada, e 1 em cada 4 gastaria até 200 dólares em itens virtuais.

Para os consumidores do futuro, que estão cada vez mais presentes, a vida real e a virtual precisam estar conectadas, em sintonia. E a forma com que compram e consomem também. Por isso, vamos elencar a seguir 2 conceitos relevantes para considerar de acordo com as tendências para o futuro do varejo.


Consultoria de confiança

Omnichannel

Esse conceito nada mais é do que o uso simultâneo e interligado de diferentes canais de atendimento e de comunicação, com o intuito de atender todas as exigências e demandas do cliente, bem como melhorar a experiência de compras.

Por exemplo, o cliente pode entrar no aplicativo da loja para ver se o estabelecimento tem um item específico e, só depois de confirmar, vai ao local fazer a compra. Nesse sentido, 20% dos shoppers dos Estados Unidos preferem visitar especificamente lojas que oferecem acesso instantâneo a informações sobre estoque. Por isso, a transparência do estoque local é um fator que o omnichannel pode usar a seu favor.

Alt-commerce

O alt-commerce seria uma forma de vendas que funcionaria como uma evolução do e-commerce. Nesse caso, o nome “alt-commerce” significa comércio alternativo, ou seja, um formato que diversifica as vendas por canais que não são tradicionais.

Nesse sentido, 31% dos consumidores Gen Z preferem comprar via online por “métodos não-tradicionais” do que por “websites entediantes”. Compras por redes sociais, por exemplo, é uma das formas populares nos dias de hoje – 62% dos consumidores de 13 a 39 anos estão interessados em fazer compras diretamente dos feeds das redes sociais.

Afinal, hoje em dia é comum checar lojas no Instagram, consumir os conteúdos do perfil e comprar por ali diretamente. O próprio app já atualizou diversas vezes a sua interface, simplificando os métodos de compra e venda de produtos por usuários e, assim, seguindo esta tendência de mercado.

O alt-commerce, então, trataria a compra apenas como parte do processo em si, e não como produto final, assim como o e-commerce mais tradicional.

Todos esses fatores que citamos mostram que as empresas precisam pensar e criar seus empreendimentos considerando a perspectiva das necessidades dos jovens. Afinal, eles não são mais o futuro do mercado — já são o presente e, quem não se adaptar a essa realidade, pode ser engolido pelos concorrentes e, como muitos jovens falam, “ir de base”.

Força de trabalho no futuro

Um outro ponto importante que foi debatido na NRF Retail’s Big Show de 2022 e que não só vai, como já está definindo o futuro do varejo nos próximos anos, é o número de tarefas automatizadas hoje em dia e quais as consequências disso para o mercado de trabalho. Foi um dos temas levantados por Sajal Kohli, um dos sócios da empresa de consultoria empresarial McKinsey & Company, em sua palestra.

De acordo com Kohli, o crescimento da população idosa e a digitalização do mercado, cada vez maior, tornará a força de trabalho mais escassa e, possivelmente, pouco qualificada de acordo com as necessidades de uma sociedade tecnologicamente desenvolvida.

A pandemia também interferiu consideravelmente neste processo, pois, com as normas de distanciamento social, as empresas passaram a operar com um número menor de pessoal, substituindo por inteligência artificial, sistemas de estoque e tecnologias de logística para aumentar a eficiência dos serviços, mecanizando as tarefas mais repetitivas.

Por isso, o consultor apontou que investir na educação de colaboradores se tornou uma opção viável para qualificar e reter jovens talentos, além de “treinar as pessoas nas habilidades que os clientes exigem”, se dedicando ao atendimento ao cliente.

Assim como no resto do mundo, aqui no Brasil o grupo de pessoas da terceira idade cresce a cada dia — e, em consequência, as aposentadorias. Segundo o IBGE, por exemplo, em 2060 o número de idosos será equivalente a 25,5% da população — em 2018, era equivalente a 9,2%.

Com o desenvolvimento contínuo das tecnologias, o mercado não para de se adaptar ao automatizar digitalmente as tarefas. Segundo pesquisa da McKinsey & Company, 54% das atividades do varejo podem ser automatizadas, 61% do total de horas trabalhadas envolvem atividades que podem ser automatizadas e espera-se que 35% desse potencial de automatização seja adotado até 2030.

Quais serão as consequências disso para o mercado de varejo? A força de trabalho se tornará mais jovem e desqualificada, no sentido de que a automatização do mercado exigirá um número maior de skills (qualificação) do trabalhador.

Visando auxiliar esse impasse que o futuro do varejo aguarda, as grandes corporações já estão dando o primeiro passo em resposta, fazendo escolhas ousadas para qualificar ainda mais seus colaboradores. Confira alguns exemplos abaixo:

  • o Walmart investiu 5 bilhões de dólares em iniciativas de qualificação para os próximos 4 anos, auxiliando colaboradores a ganhar créditos para a faculdade;
  • a Amazon investiu 1,2 bilhão de dólares para pagar educação superior aos colaboradores até 2025;
  • a Google fez uma parceria com a plataforma de cursos online Coursera para criar cursos e conteúdos sobre TI para seus funcionários.

Bons líderes consideram o bem estar de todos. Então, esse é um fator a se pensar para as empresas que querem prosperar no futuro ao lado de colaboradores, parceiros e funcionários qualificados e satisfeitos.

O metaverso

Você já ouviu falar do metaverso? Pode apostar, você ainda vai ouvir esse nome por um bom tempo. O metaverso entrou no vocabulário do mundo em outubro de 2021, quando Mark Zuckerberg, conhecido por ser um dos fundadores do Facebook e CEO do conglomerado de tecnologia e mídias sociais Meta, usou esse termo para indicar um tipo de mundo virtual que tenta replicar a realidade através de dispositivos digitais.

Em outras palavras, o metaverso é um espaço coletivo e virtual compartilhado, constituído pela soma de realidade virtual, realidade aumentada e Internet.

Na NRF Retail’s Big Show de 2022, o metaverso foi tema constante de discussões nas palestras e painéis, tanto pelo seu potencial em oferecer novas visões para o mercado do varejo no mundo digital, quanto pelas incógnitas e dúvidas que o cercam. Afinal, ainda é um conceito novo e embrionário e, consequentemente, repleto de incertezas.

Mas, apesar da desconfiança inicial, muitos especialistas na comunidade varejista acreditam que o caminho rumo ao metaverso é irreversível e que este será, principalmente, trilhado pela geração Z.

Você já leu aqui que especialistas afirmam que, ao comprar, os clientes dessa geração querem uma experiência diferente, que proporcione diversão e entretenimento, coisas que o e-commerce tradicional não pode propiciar a essa leva de consumidores cada vez mais exigentes.

Isso foi destacado por Kate Ancketill, CEO da GDR Creative Intelligence, em sua palestra na NRF deste ano. Kate ainda destacou que entre as tendências do mercado para os próximos anos, pode-se considerar a transição do e-commerce para o alt-commerce, modelo que favorece canais alternativos de consumo, como aplicativos de mídias sociais e o próprio metaverso, em detrimento dos websites tradicionais.

O metaverso vislumbra um mundo sem nenhum tipo de barreira entre o físico, o digital e o virtual. Assim, todos os meios estariam conectados entre si, e o consumidor que acessa o site de uma loja em busca de produtos e é reconhecido pela equipe da loja física quando a visita — pois o histórico pode ser acessado pelos vendedores quando for necessário — terá mais um canal de consumo para usufruir.

O conceito de omnichannel já existe hoje em dia, mas, com o metaverso, pode ter sua importância cada vez mais acentuada. O cliente poderia, por exemplo, entrar numa loja de sapatos no metaverso com seu avatar digital e comprar um tênis novo para ele e outro para seu “alter ego” virtual. A versão online pode ficar disponível de forma instantânea, enquanto o produto offline não é entregue pela equipe responsável pela loja física.

5 maneiras de adequar o metaverso ao seu negócio

É de suma importância que o setor varejo se adapte ao metaverso o mais rápido possível, fazendo a integração entre lojas físicas, e-commerce e esse novo universo digital. Descubra agora algumas formas de trazer essas novas possibilidades para o seu negócio!

Conquista de novos clientes

O metaverso pode ser utilizado pelos varejistas como um canal de marketing e prospecção de consumidores. É o que grandes marcas mundialmente conhecidas, como Nike, Adidas e Gucci, já estão fazendo.

É uma ideia de longo prazo, onde as empresas priorizam os jovens da geração Z, que já estão mais abertos a esse universo, desenvolvendo ações dentro de jogos como Roblox e Fortnite, além de outras maneiras de fazer com que essas marcas continuem conceituadas por muito mais tempo. Outros exemplos que podemos citar de marcas que já expõem suas marcas em ambientes virtuais como jogos online são Hyundai, Burberry e Lancôme.

Expansão do negócio

Outro ponto que pode beneficiar as marcas que participarem do metaverso é a possibilidade de saber mais sobre os seus clientes e seu público-alvo, onde eles estão, o que fazem, para onde vão, entre outras informações relevantes.

Uma unidade de loja no metaverso que faça entregas de produtos offline pode auxiliar os empresários em momentos de expansão dos seus negócios, ajudando a encontrar novos pontos comerciais em regiões ainda não exploradas.

Experimentar novidades

As empresas também podem usar o metaverso como um espaço seguro e livre para testes e experimentação de novos produtos. É só desenvolver o produto de forma virtual. Se, porventura, os consumidores digitais gostarem da ideia, é possível investir numa versão real daquele produto, que atinja esses consumidores e outros que não estão inseridos no metaverso.

Por exemplo, um usuário pode ter um tênis exclusivo da Nike para quem tiver acesso à loja da marca no metaverso. Se mais usuários adquirirem o produto virtual, mesmo este não sendo tangível (físico), sempre há a possibilidade da marca criar uma edição especial ou limitada daquele produto.

Proporcionar novas sensações ao consumidor

Como já foi dito anteriormente, o consumidor moderno está mais exigente e não quer mais sair de casa apenas para efetuar uma compra de um produto. Está comprovado que outra grande tendência do varejo global é a criação de experiências marcantes de consumo que fiquem na memória do cliente.

As lojas físicas, cada vez mais, precisam entregar tudo o que não for possível obter no digital, de forma a se adaptar às novas tendências tecnológicas.

E, da mesma forma, os consumidores que gostam dessas experiências proporcionadas pelas lojas físicas precisam ser atraídos pela criatividade e singularidade dos espaços virtuais. Dessa forma, fazendo uso de ferramentas como a gamificação, é possível tornar o ambiente de compras mais agradável e propiciar mais entretenimento ao cliente, aumentando a penetração da marca nas mídias sociais.

Estimular a fidelidade dos clientes

Além do potencial de trazer novos clientes, auxiliar na expansão do negócio, servir de laboratório para a experimentação de novos produtos e proporcionar novas experiências ao consumidor, outra oportunidade que o metaverso traz é o estímulo à fidelização de clientes.

E isso é possível porque, nos ambientes do metaverso, é comum receber prêmios, brindes e bônus via criptomoedas e NFTs (tokens não fungíveis, tecnologia que permite a representação digital de um ativo, seja ele uma moeda ou até uma obra de arte, que é de direito exclusivo de seu dono), baseado no critério desejado pelo empreendedor.

É um mecanismo útil para que o cliente forneça seus dados para as empresas, a fim que elas possam customizar seus serviços de acordo com o gosto dele. Isso faz bem para ambas as partes e cria uma relação mais interativa entre o consumidor e a marca.

O metaverso é o futuro?

Apesar de promissor, o metaverso ainda divide opiniões entre os especialistas: enquanto muitos acreditam que essa convergência entre virtual e físico está cada vez mais estreita e que é questão de tempo para que ambos virem um só, existe quem discorde e pense que, embora os avanços da tecnologia nas últimas décadas ampliem o horizonte de possibilidade para todos, muitas dessas inovações podem ser descartadas pouco tempo depois de serem lançadas e impedirem que esse mecanismo funcione da maneira que foi proposto.

Seja qual for o ponto de vista, é importante para o varejista buscar entender quais são as oportunidades oferecidas pelo metaverso e como elas podem auxiliar no processo de consolidação de uma marca junto às futuras gerações de consumidores. Se não tiver interesse por esse assunto, pode ficar para trás no mercado.

ESG e DE&I: sustentabilidade e diversidade como princípios irreversíveis

Nos últimos anos, cresceu consideravelmente o interesse das empresas e dos empreendedores em geral sobre ESG (Environmental, Social and Governance, em português “ambiental, social e governança”), um conjunto de critérios relacionados à sustentabilidade que é seguido no mundo todo pelas organizações.

Na NRF Retail’s Big Day de 2022, não foi diferente. O tema foi tratado como fator emergencial para o varejo neste ano, pois os especialistas avaliam que a defesa do consumo consciente e de gestão com responsabilidade social e ambiental estão muito presas a discursos vazios, precisando valer na prática.

O CEO do Grupo MD, Diogo Santini, é otimista em relação a este desafio. “As marcas estão trabalhando para se aproximar de todas as comunidades e sabem que as pessoas querem se identificar, estar próximas de pessoas iguais a elas. Por isso é importante apostar na diversidade de verdade e dar voz para todos”, disse.

O conceito do ESG tomou mais importância em 2015, quando a pauta entrou nos Objetivos para o Desenvolvimento Sustentável da Organização das Nações Unidas (ONU) e vem, paulatinamente, se tornando um tema cada vez mais discutido dentro das organizações, tendo sido priorizado pelas empresas para melhorar a tomada de decisões no dia a dia, segundo os especialistas do setor varejista.

Para que a empresa funcione de maneira sustentável, plural e inclusiva, é necessário que a diversidade racial, de gênero, sexual e religiosa seja seguida à risca no dia a dia. De acordo com os especialistas no assunto, esse é um passo fundamental para que as empresas comecem a inovar de verdade, com foco no consumidor. Além disso, os especialistas também apontam que o cliente está mais atento a estes temas do que nunca, preferindo consumir produtos de empresas que apresentem uma maior representatividade entre seus quadros.

Fora os aspectos relacionados à gestão, as empresas do setor de varejo têm mostrado uma maior preocupação em rastrear o ciclo de vida dos produtos, assim, ajudando a impulsionar a economia circular.

A economia circular consiste na associação entre desenvolvimento econômico e um uso mais consciente dos recursos naturais, onde os processos de fabricação dos produtos são repensados e otimizados, visando depender menos de matéria-prima virgem e dar prioridade a insumos renováveis, recicláveis e com maior garantia. Esse é um conceito que ganhou bastante força ao longo dos últimos dois anos, principalmente no setor de vestuário, e deve se solidificar mais ainda este ano.

O impulso da economia circular também tem vindo, principalmente, dos jovens da geração Z, que é conhecida por ser mais engajada na questão do consumo consciente.

Existem bons exemplos do ESG vindo de grandes empresas. No NRF Retail’s Big Show deste ano, a grande rede de lojas de departamento Walmart anunciou que, para cumprir a meta de emissão zero de carbono até 2040, fez alianças com parceiros externos, como a organização não governamental The Nature Conservancy.

De acordo com Zach Freeze, diretor sênior de Iniciativas Estratégicas de Sustentabilidade da empresa, uma das partes mais importantes e contínuas desse programa é a comunicação das metas e do progresso da marca para os seus fornecedores: ele afirmou que só cerca de 5% da pegada de carbono da empresa se deve às próprias operações do Walmart; os outros 95% vêm justamente de seus fornecedores.

NRF: O varejo como uma “supernova”

Na NRF 2022, o empresário Lee Peterson, vice-presidente executivo de marca, estratégia e design da WD Partners, empresa de consultoria na área de customer experience, explicou sobre como o mercado do varejo antes, em 1999, era uma estrela simples. Porém, nos dias de hoje, se transformou numa grande supernova.

Caso você não saiba, uma supernova é uma explosão estelar poderosa e luminosa. Este evento astronômico transitório ocorre durante os últimos estágios evolutivos de uma estrela massiva ou quando uma anã branca inicia uma fusão nuclear descontrolada, muitas vezes criando novas estrelas e até galáxias. Na supernova, a estrela explode a si mesma com a energia que ainda lhe resta, em uma liberação de material cósmico sem precedentes. E essa explosão é uma das responsáveis pela origem de matéria-prima para novos corpos celestes.

FEIRA NRF 2022

Essa analogia foi usada por Peterson em sua palestra para descrever o momento ímpar que o varejo tradicional vive. Segundo ele, o varejo tradicional está sendo destruído para dar lugar a uma nova versão, com diferentes modelos de negócio, novos conceitos e empresas mais conscientes. Mas é bom lembrar que essa supernova não explodiu em 2022, foi muito antes — boa parte das mudanças já estavam sendo avisadas ao longo dos últimos 15 anos. Por exemplo, processos como social selling, live streaming, mobile, e-commerce, dark stores, pop up stores, showrooms e, agora, o metaverso.

Estes são alguns modelos de venda que proporcionaram no passado e vão proporcionar no futuro uma mudança drástica nos hábitos de consumo das pessoas, estimulando a migração das vendas para o digital e para o comércio local. A filosofia “Think global and get local” faz mais sentido no atual momento do que nunca, pois os consumidores, mesmo contando com diversas opções do mundo inteiro ao alcance da mão, ainda tendem a optar pelos comerciantes locais nas dark stores, que normalmente se localizam em pontos menos valorizados.

Atualmente, o varejo se desdobra em diversos conceitos e modelos de negócio com suas próprias particularidades. Segundo a palestra de Peterson, o cenário do setor se divide principalmente em:

  • Marcas locais: Segundo a apresentação, 88% dos consumidores vão buscar fazer mais compras locais. Isso é, lojas pertos de casa;
  • Shopping centers;
  • Centro de compras ao ar livre;
  • Pop-up store: a ideia é de uma loja com tempo determinado de duração, ou seja, tem uma data para encerrar as atividades. A proposta é que a loja funcione como mais um ponto de contato com o consumidor e que tenha um forte apelo de experiência com o produto e serviço;
  • Showroom: loja de exibição dos produtos, assim os clientes podem testá-los antes de fazer a compra online;
  • Lojas móveis: lojas que não são fixas, podendo mudar de local de maneira simples. Por exemplo, os food trucks;
  • Lojas de experiências (experience stores);
  • Lojas escuras (dark stores): refere-se a uma loja de varejo ou centro de distribuição que atende exclusivamente a compras online, geralmente oferecendo delivery ou a possibilidade do cliente ir buscar a compra.

Ainda segundo a apresentação de um dos homens-chave da WD Partners, foram coletados alguns dados relativos a preferências futuras para o mercado. Confira abaixo!

Se você comprar em uma loja local, o que prefere ver?
  • Lojas móveis: 16%
  • Experiências (experience store): 16%
  • Pop Up: 30%
  • Showroom: 33%
  • Serviço a domicílio: 35%
  • Loja escura (dark store): 50%
De quem você compraria mais se fosse um local somente para retirada e delivery?
  • Mercados: 58%
  • Loja de departamento: 35%
  • Restaurantes: 33%
  • Lojas especializadas: 32%
  • Farmácia: 31%
  • Loja de conveniência: 19%
  • Lojas locais: 15%
Você pretende comprar mais de estabelecimentos locais, a partir de agora?
  • Sim: 88%
As lojas deveriam ter serviços a domicílio?
  • Algumas, sim: 69%

Por isso, podemos concluir que o consumidor está valorizando cada vez mais o conforto, a praticidade e experiências enriquecedoras. Dessa forma, é essencial disponibilizar o uso de serviços de integração de canais de atendimento com alta tecnologia, bem como formas alternativas de compras.

A palavra-chave da NRF 2022 é…

Adaptação.

Nos últimos dois anos, o planeta virou de cabeça para baixo, de um lado para o outro, em absolutamente todos os aspectos. Uma pandemia agressiva e com consequências inéditas para a humanidade vem nos testando diariamente, até hoje. Tivemos que reaprender a socializar, a confraternizar, a se reunir de maneiras diferentes, entre outros ensinamentos.

O “work from home” — o nosso home office — entrou para a nossa vida de vez, se tornando situação definitiva para empresas e trabalhadores de diversas áreas, com todos seus pontos positivos e negativos.

Olhando os lados positivos de todo esse período, deu pra perceber que, mesmo com as adversidades, novas oportunidades de trocas, compras e vendas de produtos, em formatos diferentes do varejo tradicional, se tornaram possíveis graças à adaptação dos setores da economia mundial.

Nestes tempos, tudo é muito novo e tudo pode mudar numa agilidade nunca vista antes. Por isso, adaptação é a palavra mais importante a ser seguida pelo setor do varejo.

Nada mais é definitivo, mas novos mecanismos e ferramentas estão surgindo a cada instante, gerando novas oportunidades e pavimentando novos caminhos para os negócios. Resta saber se você está pronto para estes desafios.

Na dúvida, siga o conselho da NRF 2022: é imprescindível se adaptar.

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